A cultura da ostentação de atos criminosos nas mídias sociais emergiu como um elemento determinante na atração de jovens para o submundo do tráfico de drogas e para as fileiras de facções criminosas organizadas. Autoridades e diversos especialistas têm observado que esta prática é crescentemente disseminada, inserindo-se numa cultura de exibicionismo e de busca por pertencimento. Neste contexto, conforme é citado, “não basta ter o fuzil, tem que postar o fuzil” nas plataformas digitais.
Muitos dos perfis identificados exibem abertamente a rotina operacional do tráfico. As publicações frequentes incluem fotografias e vídeos detalhando o uso de armamento pesado, pilhas de notas de R$ 100, motocicletas de alto valor e referências explícitas a organizações criminosas, como o notório Comando Vermelho (CV). A gravidade é ampliada pelo fato de que algumas dessas postagens conseguem angariar milhares de comentários e curtidas, potencializando o alcance e a influência do material ilícito entre seus seguidores.
Uma investigação conduzida recentemente ilustrou essa realidade ao revelar o histórico de um adolescente de apenas 14 anos, que foi morto durante uma operação policial. Seu perfil digital mostrava claramente fotos em que ostentava um fuzil e vídeos nos quais ele descrevia estar “trabalhando” ativamente no tráfico. Promotores de justiça e juízes, em uma nota de alerta, enfatizam que, embora essas imagens funcionem como apelo ao crime, elas também se transformam, subsequentemente, em elementos probatórios cruciais dentro dos processos judiciais. A Advocacia-Geral da União (AGU) reiterou que as plataformas digitais possuem a obrigação legal de realizar a remoção imediata de todo e qualquer conteúdo dessa natureza assim que tomam conhecimento da publicação, sob o risco de responsabilização legal. Contudo, apesar deste mandamento, a rápida circulação dessas fotografias e vídeos continua a ser um desafio significativo e persistente no combate eficaz ao crime organizado.
Fonte da Matéria: BBC News




