Com a chegada de novembro, inicia-se em diversas cidades do país a importante campanha Novembro Azul. Esta mobilização, que possui alcance internacional e foi introduzida no brasil em 2011, tem como principal meta a conscientização abrangente sobre a saúde do homem e, de forma crucial, a prevenção do câncer de próstata. O foco primordial da campanha reside na desconstrução de barreiras sociais e culturais que historicamente impedem os homens de buscar o atendimento médico preventivo e, consequentemente, de realizar o exame anual necessário para o rastreamento adequado da doença.
A relevância do Novembro Azul é expressiva no cenário nacional, uma vez que o câncer de próstata é o tipo mais incidente na população masculina brasileira, quando se exclui o câncer de pele não melanoma, além de figurar como a segunda principal causa de morte por câncer entre os homens. Os dados projetados pelo Instituto Nacional de Câncer, o INCA, para o triênio compreendido entre 2023 e 2025, são alarmantes: espera-se que surjam 71.730 novos casos anualmente no país. Essa projeção epidemiológica se traduz numa estatística de alta mortalidade, com a ocorrência de um óbito a cada 38 minutos no território nacional, sublinhando a urgência das ações de prevenção.
A grande importância da detecção precoce está ligada diretamente à característica silenciosa da doença. O câncer de próstata é, em sua maioria esmagadora, assintomático em seus estágios iniciais. Quando os sintomas efetivamente se manifestam – tais como dor ou dificuldade ao urinar, ou a presença de sangue na urina ou no sêmen – estima-se que aproximadamente 95% dos tumores já se encontrem em um estágio clinicamente avançado. Em contraste direto com este dado preocupante, a detecção da patologia numa fase inicial é capaz de elevar as chances de cura definitiva para uma margem que varia entre 90% e 95% dos casos diagnosticados.
Para incentivar essa detecção precoce e promover uma mudança efetiva nos hábitos de vida, as ações do Novembro Azul desenvolvidas pelas cidades incluem uma série de serviços acessíveis à população. Estão sendo disponibilizadas palestras educativas, consultas médicas e, fundamentalmente, a oferta gratuita de exames cruciais para o rastreamento, como o ultrassom da próstata e a dosagem do PSA, o Antígeno Prostático Específico. A Sociedade Brasileira de Urologia, a SBU, estabelece diretrizes claras para o rastreamento, que é composto pelo exame de toque retal e pela mencionada dosagem de PSA. A recomendação da SBU é que o rastreamento seja iniciado a partir dos 50 anos para todos os homens. Contudo, para aqueles indivíduos que apresentam fatores de risco, como histórico familiar de câncer de próstata ou pertencimento à etnia negra, a avaliação deve começar precocemente, aos 45 anos. É crucial, no entanto, que o Ministério da Saúde enfatize que a abordagem deve sempre incluir uma decisão compartilhada e individualizada entre o paciente e o médico, ponderando cuidadosamente os riscos e benefícios envolvidos nos exames de rotina. A unificação dessas ações visa garantir que a saúde masculina seja priorizada e que os homens tenham acesso pleno às ferramentas necessárias para a prevenção e o diagnóstico em tempo hábil.
Fonte da matéria: G1




